Hoje, aqui na primeira pessoa – eu, a Vanessa, quero escrever-vos sobre algo que me deixou preocupada, muitos colegas responderam às questões do desafio deixado na passada sexta-feira e a resposta à pergunta – sinto-me satisfeito com a minha vida, o máximo de satisfação que responderam foi de 50%, ou seja, o índice de felicidade é de 50% ou menos e isso deixou-me pensativa face ao assunto.
Hoje, venho aqui na primeira pessoa para vos falar de algo pessoal, sempre lidei mal com a morte, com o tema em si e com tudo o que lhe é atrelado, desde cedo, nunca consegui entender muito bem o motivo, até que já depois de ser mãe, comecei a mapear o porquê de ser um assunto tão desconfortável – na verdade intensificou-se com a maternidade e com o parto o medo chegou a outro nível, tinha medo de deixar o Alfredo com o menino nos braços (literalmente) e naturalmente de deixar um filho sem mãe, mas como já percebeste, felizmente isso não aconteceu.
A seguir ao parto, durante muito tempo, não pensei muito nessa questão do medo de morrer, mas a vida gosta de nos chamar para onde teimamos querer sair de mãos vazias e assim foi em Janeiro de 2019 à beira de um burnout pelo trabalho e responsabilidade excessivo com processos extremamente complexos e delicados, passei-me, senti que a vida me estava a fugir e eu não estava com capacidade de gerir nada, absolutamente nada.
Com uma vida aparentemente perfeita, percebi que tinha que ir mexer onde não queria e assim fui, foi aí que na verdade começou a minha busca constante pelo meu autoconhecimento/desenvolvimento, percebi que sempre fui um pouco apressada, queria viver, queria fazer tudo o que pudesse, não me contentava com o que a vida me dava e estava constantemente à procura de mais, desde cedo – no ensino secundário queria ter disciplinas que nem faziam falta, tinha uma carga de 16 disciplinas, quando em média as pessoas tinham 9 e era feliz assim, estava a viver o máximo, entrei na Universidade com 16 anos, com médias de outro mundo e apesar de me sair literalmente do pêlo, era feliz assim, trabalhava de dia e estudava à noite, parecia que estava sempre com pressa, sabes quando compras algo para montar e não consegues esperar até ver aquilo no sítio, assim era eu, na minha vida dia após dia…
Ainda me lembro quando fiz a minha dissertação de mestrado, que em média teriam 100 páginas eu fiz com 150, às quais o meu orientador sorriu e disse, Vanessa vais ter de tirar pelo menos umas 40, “não abras o flanco”, possuída assim o fiz, retirei aquelas folhas e com elas um bocado do fígado, 40 páginas numa dissertação de mestrado em direito criminal equivale a um nível extra de dedicação e estudo – se muitos têm a síndrome do mínimo, eu tinha e tenho a síndrome do máximo.
Percebi que com o máximo chegava sempre mais longe e é verdade, a questão é que dar o máximo e tentar que seja rápido é que complica um pouco as coisas, como exemplo, para teres ideia, fiz 19 cadeiras num ano e com médias bem boas, sem repetir, quando fiz o meu último exame a professora que estava a dar o exame, a Helena disse-me – “Vanessa, pareces um vegetal, vai dormir durante 15 dias”.
Bom, nesse período de reflexão tentei perceber se o motivo de querer tudo com pressa estaria associado ao medo de morrer e acredito que sim, em parte – mas depois de algum tempo e visto que se intensificou depois de ser mãe percebi que talvez tenha sido porque o primeiro contato que tive com a morte, foi precisamente aos 12 anos, idade na qual perdi o meu pai, uma das pessoas mais importantes da minha vida – (quando fui mãe naturalmente tive medo de ver a história repetir-se) nesse período isolei-me e segui a minha vida a 1000 à hora, possivelmente para não pensar e para aproveitar tudo ao máximo, simplesmente para viver.
E é aqui que te quero trazer, à VIDA – não te contentes com 50% ou menos, a vida tem de ser vivida no seu pleno, se tens a consciência de que não estás satisfeito, não esperes um milagre, tens de procurar a felicidade, mesmo que para isso tenhas de dar um murro na mesa, ou tenhas de sair da tua zona de conforto, ou quem sabe arriscar em algo – a VIDA é isso, é arriscar, é ir e fazer.
Nunca te esqueças a VIDA é movimento.
Olha para dentro, não te esqueças que estás numa área de negócio em que tens de dar de ti aos teus clientes e para conseguires fazê-lo e seres uma peça fundamental – um agente inesquecível, tens de te dedicar a ti próprio e acredita, só com desenvolvimento humano é que lá chegas.
Hoje continuo com a síndrome do máximo e acredito que estou no bom caminho, por isso estou aqui a partilhar um pouco da minha história para te ajudar a acordar.
Não te percas na confusão da manada, procura o teu lugar na tua própria vida.
estamos juntos.